Depois de uma década a
acompanhar o crescimento e o nível de atividade física dos alunos do concelho,
o estudo Vouzela Ativo terminou com a apresentação, no dia 24 de fevereiro, do
terceiro trabalho desenvolvido em parceria pela Faculdade de Desporto da
Universidade do Porto, agrupamentos de escolas de Vouzela, Escola Profissional,
Santa Casa da Misericórdia, Centro de Saúde e Câmara Municipal.
A primeira e a segunda
fase, decorridas entre 2007 e 2012, foram vocacionadas para o mapeamento da
população infanto-juvenil, entre os 7 e os 18 anos de idade, envolvendo o
estudo das variáveis: crescimento físico, competências físico-motoras, fatores
de risco cardiometabólico, influência e infraestruturas e equipamentos de lazer
desportivo e suas relações, bem como a pesquisa sobre várias manifestações de
marcadores de saúde das famílias vouzelenses.
A terceira fase do
Vouzela Ativo começou no ano letivo de 2013-2014, com o objetivo de descrever e
interpretar, ao longo de três anos consecutivos, a dinâmica relacional entre
crescimento físico, desempenho motor e cognitivo das crianças do pré-escolar e
do 1º ciclo do ensino básico, tendo estado envolvidas 1.188 crianças.
O estudo foi apresentado
pelos investigadores da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto José
Maia, Sara Pereira, Ana Reys e Thayse Gomes, pela enfermeira Carla Figueiredo da Unidade de Cuidados de
Saúde Personalizados de Vouzela e por Pedro Lajas, psicólogo do Agrupamento de
Escolas de Vouzela e decorreu no âmbito do seminário “Percurso Ativo – Uma
Década de Desenvolvimento”.
Estudo conclui que
crianças vouzelenses têm, em média, níveis de atividade física moderada a
vigorosa superior aos de outros países
São muitas as conclusões
do estudo por força, também, das muitas variáveis que os investigadores se
propuseram estudar.
A nível do crescimento
físico foi possível concluir que as crianças vouzelenses crescem “normalmente”,
tal como esperado, e em consonância com valores da literatura nacional e
internacional. Contudo, os valores do peso e do índice de massa corporal são mais
elevados que os reportados pela Organização Mundial de Saúde (OMS). O número de
crianças vouzelenses que nasce com baixo peso (<2500g) é de 7,4% e inferior
à média nacional (9%). As crianças que nasceram com baixo peso são mais baixas
e mais leves do que as que nasceram com peso normal.
Já a variável composição
corporal diz que, em geral, há uma redução da percentagem de gordura corporal
ao longo da idade, sobretudo nos meninos. A frequência de crianças com
sobrepeso/ obesidade é superior a 20%. Aproximadamente em cada dez crianças
vouzelenses há duas que têm sobrepeso ou são obesas. A prevalência de crianças
vouzelenses com sobrepeso/ obesidade é maior do que a que ocorre em cinco
regiões do continente e regiões autónomas. As meninas são o maior grupo de
risco de sobrepeso/ obesidade.
Já na variável aptidão
física, o estudo concluiu que, em geral, os meninos são fisicamente mais aptos
do que as meninas. Contudo, as meninas têm valores de aptidão física superiores
aos seus pares portugueses e de outros países. Os rapazes não. Meninos e
meninas têm uma tendência para a manutenção da estabilidade dos níveis de
aptidão física ao longo da idade.
Ao nível da coordenação
motora, as principais conclusões apontam para que crianças mais ativas, e mais
aptas fisicamente, tendem a ser mais coordenadas. O índice de massa corporal
das meninas não influencia a sua coordenação motora. Contudo, nos meninos,
quanto maior for o índice de massa corporal menor será o seu desempenho
coordenativo. As meninas têm valores inferiores de coordenação motora
comparativamente aos meninos.
Relativamente à atividade
física, o estudo conclui que, em média, os meninos cumprem com as recomendações
da OMS de realizar, diariamente, 60 minutos de atividade física moderada a
vigorosa. As meninas estão muito perto de as cumprirem, também em termos
médios. Quando consideradas individualmente, apenas 50% das meninas cumpre
diariamente a recomendação de ter 60 minutos de atividade física moderada a
vigorosa; nos fim de semana a percentagem é inferior a 50%. Os meninos e as
meninas vouzelenses têm, em média, níveis de atividade física moderada a
vigorosa superior aos de outros países.
Sobre a variável
desenvolvimento cognitivo- inteligência foi possível concluir que, no que à
inteligência diz respeito, as crianças vouzelenses que constituíram a amostra
do estudo são tão inteligentes e adaptadas aos seus contextos de vida, como os
seus pares a nível nacional. Em termos de género, os rapazes evidenciam, grosso
modo, melhores resultados do que as raparigas, ao longo do desenvolvimento
infantil.
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