A Direção Regional de Cultura do Centro tem em curso 7 projetos financiados
no âmbito do Centro 2020
A Direção Regional de Cultura do Centro viu, nos últimos meses, aprovadas 7
candidaturas no contexto do Programa Operacional Centro 2020 que permitirão a
criação de melhores condições de acesso a bens culturais através da
reabilitação, salvaguarda, conservação, restauro e valorização de diversos
monumentos nacionais, cuja história e importância são da maior relevância para
a cultura do nosso País.
Com um investimento total de 4 milhões de euros, estas intervenções são,
igualmente, estratégicas no quadro da capacidade de atração e desenvolvimento
territorial sendo a sua concretização uma prioridade para a Direção Regional de
Cultura do Centro. Dos 7 projetos aprovados, encontram-se já em execução as
obras do Mosteiro de Santa Clara-a-Velha (Coimbra), da igreja do Mosteiro de
Santa Maria de Maceira Dão (Mangualde) e da Igreja do Carmo (Coimbra), sendo
que as restantes serão iniciadas até ao final do primeiro semestre de 2021.
"Em 2022, a Região Centro terá ao seu dispor um património
requalificado e com melhores condições para assegurar a salvaguarda e promoção
de parte da sua história e identidade e, de igual modo, um património
valorizado que irá contribuir para superar os desafios que se avizinham do
ponto de vista do desenvolvimento e promoção territorial. No entanto, há ainda
muito a fazer, porque a preservação e salvaguarda patrimonial é um trabalho continuado no tempo. Por esta razão, a “Estratégia
Regional de Cultura 2030” definiu como um dos seus objetivos estratégicos a
reabilitação, valorização e dinamização do património cultural através de um plano
sistemático, de escala regional, que atenda às necessidades do património móvel
e imóvel, material e imaterial da região Centro” sublinha Suzana Menezes,
Diretora Regional de Cultura.
Paralelamente, a Direção Regional de Cultura do Centro acompanha mais 57
projetos de reabilitação de património, através de protocolos celebrados com
municípios e outras entidades públicas e privadas, no âmbito dos quais a DRCC
garante o acompanhamento e apoio técnico na fase do lançamento dos
procedimentos pré-contratuais inerentes à realização das empreitadas, na fase
de execução das obras e ainda na definição da gestão futura dos espaços.
BI das obras
Mosteiro de Santa Clara-a-Velha - Coimbra
Valor total: 641.721,21€
Valor comparticipado pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional:
585.400,59€
Início da obra: Maio de 2020
Conclusão: Setembro de 2021
A necessidade desta obra verificou-se após as fortes cheias ocorridas em
2016 que provocaram danos significativos no imóvel e ameaçavam a integridade
das estruturas: desmoronamentos, acumulação de líquenes e degradação de
paramentos pelo acumular de água, danos em percursos de visita, meios de
acesso, instalações elétricas, mecânicas e inutilização do depósito de
materiais arqueológicos. Tornou-se
premente efetuar reparações e desenvolver mecanismos de proteção que, em
situações atmosféricas anómalas, minimizem danos e perdas neste Património que
poderão ser irreversíveis. O projeto, da autoria dos Arquitetos Alexandre Alves
Costa e Sérgio Fernandez – autores do projeto inicial –, com o apoio técnico da
Direção Regional de Cultura do Centro, tem como objetivo a conservação do
edifício classificado e a beneficiação e valorização dos espaços envolventes
que ficaram danificados com as cheias, de modo a restituir ao espaço as
condições de visita.
A obra conta com um trabalho exaustivo de conservação e restauro dos
materiais pétreos, cerâmicos, azulejares e em rebocos, na igreja e no claustro,
bem como com a recuperação do pavimento no corpo da igreja e dos passadiços
exteriores. Contempla ainda a dotação de espaço a cota que permita a
salvaguarda do espólio arqueológico armazenado, a eliminação de entradas
diretas de águas por zonas que não se encontram vedadas com muro e o reforço do
sistema de bombagem existente na igreja. Também os comandos serão relocalizados,
o sistema de rega reparado e o sistema de vigilância ampliado.
O Mosteiro de Santa Clara-a-Velha foi classificado como Monumento Nacional
em 1910. A sua origem remonta ao século XIII. No entanto, o conjunto que
subsiste é exemplo do gótico tardio e data, essencialmente, do século XIV. A
relação com o Mondego revela-se problemática em 1331, ano em que ocorre a
primeira grande cheia. No final do século XVI, as condições de vida eram já
impraticáveis e o abandono definitivo dá-se em 1677. Após séculos de abandono,
em que grande parte dos vestígios ficaram submersos, em 1995 inicia-se uma
campanha arqueológica que permitiu pôr a descoberto parte do antigo mosteiro. O
Mosteiro foi objeto de uma das mais extensas e complexas obras de recuperação,
restauro e valorização efetuadas em Portugal, tendo sido inaugurado em 2009,
após a recuperação da igreja, a criação de um centro interpretativo e a implementação de um circuito de visitas.
Mosteiro de Santa Maria de Maceira Dão – Mangualde
Valor total: 500.000,00€
Valor comparticipado pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional:
425.000,00 €
Início da obra: Outubro de 2020
Conclusão: Final de 2021
Com a extinção das ordens religiosas, em 1834, o mosteiro foi abandonado e
o seu património móvel e integrado disperso. Hoje o estado de degradação do
Mosteiro é evidente, sendo necessária uma requalificação urgente. O projeto
desenvolvido parte da necessidade de suster a ruína, centrando-se sobretudo na
igreja que será alvo de uma intervenção estrutural com substituição do
revestimento em telha, ações de conservação e restauro sobre elementos pétreos,
recuperação e consolidação de alvenarias e abóbadas, instalação de
caixilharias. Serão consideradas também ações de travamento estrutural nas
arcadas do claustro e no tardoz da capela-mor. Executada esta operação, o
Mosteiro de Santa Maria de Maceira Dão passará a ser visitável. Esta operação
permitirá ainda a concretização de dois objetivos estratégicos: a interpretação
cultural, histórica e arquitetónica do lugar através da criação de uma
exposição de longa duração e a sua inserção nos roteiros culturais e turísticos
do Município de Mangualde, estando já desenhado um plano de programação
cultural pelos serviços Culturais da Câmara Municipal que envolve agentes
culturais locais e nacionais.
O Mosteiro de Santa Maria de Maceira Dão foi classificado como Monumento
Nacional em 2002. A sua fundação está atribuída a D. Soeiro Teodoniz, dentro da
Regra Beneditina. Crê-se que foi em 1168 que o cenóbio foi aqui instalado. A
partir de 1188 adota a Regra de Cister, sob dependência dos abades de Alcobaça.
Coevo à fundação da nacionalidade, foi desde logo beneficiado e privilegiado
por D. Afonso Henriques. Dos primórdios da fundação há ainda visível o volume
constituído pela torre do século XII. A
partir do século XVII são realizadas profundas alterações com a construção do
claustro e da fachada, conforme se constata pela epígrafe 1613 exibida na
portaria. Desta época, datam o claustro, a sala do capítulo, o refeitório, a
cozinha, a adega e outras dependências, ficando as celas situadas no piso
superior, bem como o quarto do Dom Abade, a biblioteca e a enfermaria. A igreja
de nave elíptica data da década de 1740, tendo ficado concluída em 1779.
Mosteiro de Celas – Coimbra
Valor total: 271.402,70€
Valor comparticipado pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional:
240.573,51 €
Início da obra: Abril 2021
Conclusão: Março 2022
O Mosteiro de Celas é, atualmente, considerado um dos mais importantes
conjuntos edificados de Coimbra, pleno de desafios à História da Arte Medieval
e, simultaneamente, revelador de diferentes correntes artísticas da Coimbra dos
séculos XIII/XIV a XVIII. Esta intervenção assume especial relevância cultural
e científica, quer do ponto de vista local, quer do ponto de vista nacional e
internacional, e tem como objetivo a conservação do edifício classificado,
cujas sucessivas infiltrações através das coberturas em telha cerâmica têm
desencadeado a sua degradação.
Além da revisão e substituição de elementos danificados no revestimento em
telha cerâmica, a intervenção abrange ações de conservação e restauro no âmbito
da estabilização de elementos em pedra, promovendo, consequentemente, a
beneficiação deste espaço e a sua dignificação enquanto relevante objeto
artístico-arquitetónico, cultural e histórico. Após a conclusão da obra,
estarão garantidas as condições para manter a utilização e fruição do monumento
e a realização de eventos de índole religiosa e cultural.
O Mosteiro de Celas inclui a primeira igreja feminina cisterciense
construída de raiz que, apesar das sucessivas alterações e do carácter sóbrio
geral, mantém importantes trechos da escultura gótica trecentista em Portugal
nas duas galerias do claustro com decoração historiada nos capitéis da
transição do século XIII para o XIV. No interior da igreja, provavelmente
construída sob a orientação de Diogo de Castilho, destacam-se elementos como a
abóbada polinervada e contrafortada, obras de caráter renascentista e
maneirista e os retábulos em talha barroca e marmoreados, de meados do século
XVIII. Salientam-se ainda o coro executado por Gaspar Coelho, no final do
século XVI, os lambris de azulejos setecentistas e de fabrico coimbrão, a
estatuária e as telas pintadas. O portal principal data do século XVI (1530),
e, no século seguinte, foi sobreposto no segundo registo da fachada principal o
mirante de nove janelas. A planta centralizada da igreja é um exemplo raro nos
mosteiros femininos portugueses. As mais recentes teorias apontam para que este
esquema planimétrico correspondesse ao da origem do mosteiro, à semelhança do
que a própria D. Sancha fizera no convento cisterciense de Alenquer, do qual
ainda restam vestígios da rotunda.
Igreja do Carmo - Coimbra
Valor total: 203 970,00€
Valor comparticipado pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional: 140
108,44€
Início da obra: Março 2021
Conclusão: Março 2022
A intervenção na Igreja do Carmo visa a conservação e beneficiação do imóvel e do seu valor
patrimonial. A ocorrência de sismos causou a fissuração do alçado principal e
as aberturas de juntas que se verificam em vários pontos das abóbadas,
degradando consideravelmente o imóvel. Esta intervenção contempla reparações e
mecanismos de proteção que impeçam que o monumento possa sofrer danos e perdas
irreparáveis. Esta obra garantirá a salvaguarda e criação de condições para a
sua visitação e promoção turística.
O Colégio de Nossa Senhora do Carmo destaca-se na série dos colégios
universitários de Coimbra situados na Rua da Sofia e hoje incluídos na área
integrada na Lista do Património Mundial da UNESCO.
Este polo quinhentista da Universidade é mandado construir por Frei Brás de
Braga a partir de 1536. De invulgar largura para a época, a rua era/ é
conformada por uma série de Colégios, que incluem o Colégio do Carmo, fundado
em 1540, pelo bispo do Porto, D. Frei Baltasar Limpo. Serviu o propósito
inicial de acolher os clérigos da diocese do Porto que viessem seguir os
estudos em Coimbra, sendo depois doado pelo prelado aos frades da ordem dos
Carmelitas Descalços. O edifício foi alvo de duas campanhas de obras, a
primeira em que foi construído o noviciado, da autoria do arquiteto Diogo de
Castilho, concluída em 1548 e, já na década de noventa, entre 1597 e 1600, por
iniciativa do Bispo de Portalegre, D. Frei Amador Arrais, foram construídos a
igreja e o claustro, por Francisco Fernandes.
A Igreja de Nossa Senhora do Carmo é considerada o coroamento de todas as
pesquisas arquitetónicas citadinas na linha evolutiva das primeiras edificações
portuguesas de estrutura renascentistas ali construídas, integrando-se na
tipologia das "igrejas-caixa" como uma original e consistente
variação das mesmas.
Sé Nova – Coimbra
Valor total: 415.522,50 €
Valor comparticipado pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional:
367.017,37 €
Início da obra: Abril 2021
Conclusão: Março 2022
A intervenção na Sé Nova garantirá as reparações e o desenvolvimento de
mecanismos necessários à proteção e salvaguarda do imóvel. A sua degradação,
causada não só pelo tempo mas também por infiltração de águas pluviais nos
terraços das coberturas, colocou em causa o património e as estruturas
funcionais do imóvel. Esta obra assegurará a salvaguarda e criação de condições
para a visitação e promoção turística da Sé Nova.
A construção da Sé Nova teve início do século XVI e uma duração de cerca de
cem anos. É parte integrante do conjunto maneirista edificado pela Companhia de
Jesus na alta da cidade – o Colégio de Jesus ou Colégio das Onze Mil Virgens.
Este conjunto monumental, iniciado durante a Reforma do ensino universitário
levada a cabo por D. João III e, mais tarde, intervencionado no âmbito da
Reforma Pombalina, ganhou particular relevância no contexto da expansão e
evolução científica e cultural promovida pela Universidade de Coimbra, tendo
tido um papel fundamental nos capítulos da história social e artística
nacional. A inscrição deste imóvel na lista de Património Mundial da UNESCO
atesta a sua relevância patrimonial internacional.
Sé Velha – Coimbra
Valor total: 410.140,95€
Valor comparticipado pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional: 366.900,09
€
Início da obra: 1º semestre de 2021
Duração: 1 ano
A intervenção na Sé Velha prevê reparações e o desenvolvimento de
mecanismos de proteção da envolvente do edificado. Para além da execução de um
novo revestimento dos terraços em telha cerâmica e chapa de zinco, a
intervenção abrange ações de conservação e restauro no âmbito da estabilização
de elementos estruturais de suporte das coberturas. Com a intervenção será
possível manter utilização atual do monumento, mantendo-o aberto ao público
para visita durante e após o período de obras e a continuação da realização de
eventos de índole cultural.
A Sé Velha de Coimbra está classificada como Monumento Nacional , tendo
sido inscrita, em Dezembro de 2013, na Lista do Património Mundial pela UNESCO
a “Universidade de Coimbra – Alta e Sofia”.
Estilisticamente inserida no “românico afonsino” ou “românico coimbrão da
segunda fase”, que corresponde ao reinado de D. Afonso Henriques. Todavia, teve
raízes anteriores à fundação da nacionalidade. Foi mandada construir por ação
do bispo D. Miguel Salomão, em 1162, campanha de obras que se prolongou até à
primeira metade do século XIII. No início desse século foi construído o
claustro, o primeiro em estilo gótico em Portugal em edifícios não
cistercienses. Foram particularmente importantes as obras executadas ao longo
do episcopado de D. Jorge de Almeida, na viragem para o século XVI (1498) e na
primeira metade deste, destacando-se o retábulo principal, de madeira dourada e
policromada, em gótico flamejante.
Sé de Viseu
Valor total: 1 348 097,96€
Valor comparticipado pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional: 1 173
000,00€
Lançado concurso público a 8 de março de 2021
A intervenção na Sé de Viseu será uma intervenção estruturante e que
resultará na melhoria das condições de fruição deste espaço através de ações de
salvaguarda do património, com particular foco na sua capacitação para o acesso
de pessoas com mobilidade reduzida.
A antiga Residência Paroquial sofrerá a intervenção mais significativa
dentro do conjunto, sendo o interior integralmente reformulado. Aí será
instalado um elevador, permitindo o acesso por todos os visitantes ao piso
superior e ao Passeio dos Cónegos. No interior da igreja será executada uma
estrutura de elevação do pavimento do transepto, visando a proteção da zona
onde existem sepulturas. A Torre do Relógio ficará acessível ao visitante
através da execução de acesso vertical. Alguns pontos frágeis do conjunto serão
alvo de ações corretivas: revisão de coberturas e sistemas de drenagem de águas
pluviais, reparação de fissuras e fraturas em paramentos e outros trabalhos de
consolidação estrutural, trabalhos de limpeza e pinturas, reparação e
substituição de caixilharias degradadas.
No exterior, duas plataformas mecânicas instaladas nas escadarias
permitirão o acesso quer à antiga Residência Paroquial, quer ao claustro e daí
às restantes áreas da Sé, por pessoas com mobilidade condicionada. As ações de
conservação e restauro abarcam um conjunto de elementos de inestimável valia
artística e que importa preservar: o retábulo da capela-mor, a capela da
Anunciação e a Capela do Crucificado, assim como painéis de azulejos da antiga
Capela Batismal e da Capela de São Pedro.
O projeto de intervenção surge de quatro objetivos estratégicos: Salvaguardar
e reabilitar o património afeto à Sé de Viseu; Criar condições de conservação
dando continuidade à integridade física do imóvel; Promover a valorização
turística do monumento; Contribuir para o reforço do posicionamento da Região
Centro enquanto destino turístico de excelência.
Localizada no Centro Histórico da cidade, a Sé de Viseu está classificada
como Monumento Nacional desde 1910.
Edificada nos inícios do século XII, associada ao paço condal e ao
castelo, a Sé de Viseu sofreu várias remodelações nos séculos XIII-XIV, com a edificação
do claustro gótico e do novo corpo da catedral. Os séculos XV e XVI
correspondem ao maior ciclo construtivo do templo, com a construção da abóbada
de nós, de uma fachada manuelina e do claustro renascentista da traça de
Francesco da Cremona, o arquiteto de D. Miguel da Silva.
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