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quinta-feira, 27 de setembro de 2018

Candidaturas a bolsas de estudo do ensino superior decorrem entre 1 de outubro a 15 de novembro

Pelo 18º ano consecutivo, o Município de Vouzela vai atribuir bolsas de estudo a alunos que ingressem ou frequentem estabelecimentos de ensino superior público e que residam no concelho de Vouzela.

Poderão candidatar-se os alunos que cumpram um dos seguintes requisitos: que concluíram com sucesso comprovado o ensino secundário e que pretendam ingressar na universidade; que estejam inscritos em cursos ministrados em estabelecimentos de ensino superior públicos portugueses, homologados pelo Ministério da Educação; que estejam inscritos em estabelecimentos de ensino superior privado portugueses, em cursos não ministrados no ensino superior público e homologados pelo Ministério da Educação; que estejam inscritos nos Cursos Técnicos Superiores Profissionais (CteSP), homologados pelo Ministério da Educação; estudantes inscritos no grau de mestrado não abrangidos pelo Processo de Bolonha.

As bolsas poderão ascender a 300 euros mensais e visam contribuir para custear, entre outras, as despesas de alojamento, alimentação, transporte, material escolar e propinas.

O período de candidaturas decorre entre o próximo dia 1 de outubro e o dia 15 de novembro, devendo as mesmas ser entregues no Gabinete de Ação Social da Câmara Municipal.


Com esta medida, a autarquia pretende estimular e motivar os jovens na sua formação pessoal e académica e apoiar financeiramente todos aqueles que, não obstante as suas capacidades, são economicamente desfavorecidos, adotando neste sentido, políticas educativas e sociais que promovam a igualdade de oportunidades e a coesão social. 

Exposição de Fotografia inaugurada pelo Presidente da Câmara Municipal

No dia 5 de setembro foi inaugurada a exposição de fotografia sob o tema: “O Património” pelo Presidente da Câmara Municipal, Paulo Ferreira, no Museu Municipal. 

Esta exposição resulta do Concurso de Fotografia promovido pelo Município do qual se sagrou vencedor Daniel Albuquerque com a fotografia “O Monte de Cadafaz”, tendo ficado em segundo lugar Sérgio Rafael com o registo fotográfico da “Lagoa do Rio Vouga” e em terceiro lugar Joana Silva com a foto “Arco do Adro”.

 O Edil salientou a importância desta iniciativa, agradecendo a participação de todos. A referida exposição estará patente na Sala de Exposições Temporárias do Museu Municipal até ao próximo dia 30 de setembro. 

terça-feira, 25 de setembro de 2018

Câmara Municipal de Vouzela levou 750 seniores a Valença do Minho

O Município de Vouzela voltou a proporcionar um dia de lazer e convívio aos seniores do concelho, com a realização de mais uma edição do passeio anual que nesta edição levou os participantes a Valença do Minho.

O passeio teve lugar no passado sábado, dia 8 de setembro, e contou com a participação de cerca de 750 seniores representativos de todas as freguesias do concelho, bem como membros e presidentes de juntas e bombeiros da Associação Humanitária de Vouzela.

Depois da concentração dos 16 autocarros na área de serviço da Trofa, por volta das 9h30, os seniores seguiram para Valença, onde assistiram à eucaristia na Igreja de Santo Estevão, presidida pelo Padre António Sousa. O almoço convívio decorreu próximo do local, tendo sido um momento de encontro, partilha e convívio concelhio.

Ao final da tarde, já na viagem de regresso, os seniores visitaram ainda a capela de Santa Maria Adelaide, em Arcozelo, no concelho de Gaia.


Numa iniciativa que decorreu sem incidentes, a autarquia agradece uma vez mais a colaboração da Associação Humanitária de Bombeiros de Vouzela, bem como o apoio da Câmara Municipal de Valença e da Freguesia de Arcozelo. 

Museu Municipal com nova Exposição de Fotografia: “O Património”

No âmbito do Concurso de Fotografia promovido pelo Município de Oliveira de Frades sob o tema: “O Património” irão ser expostos durante o mês de setembro todos os trabalhos que concorreram ao mesmo, na Sala de Exposições Temporárias do Museu Municipal. 

A exposição abre ao público no dia 5 de setembro, pelas 17h00, em que serão entregues os certificados de participação e os três primeiros prémios do Concurso. De relembrar que este Concurso tem por base o Ano Europeu do Património Cultural – ANPC 2018 (decisão do Parlamento Europeu por proposta da Comissão Europeia). 

O ANPC 2018 é enquadrado pelos grandes objetivos da promoção da diversidade cultural, do diálogo intercultural e da coesão social, visando chamar a atenção para o papel do património no desenvolvimento social e económico e nas relações externas da União Europeia

sábado, 22 de setembro de 2018

VISEU RECEBE A PARTIR DE HOJE “ESTRELAS” À MESA E NOS PALCOS


Ana Bacalhau, Tiago Nacarato, Moullinex e Omiri marcam programa musical. Até domingo, há Mercado de Vinhos e Sabores, oficinas familiares e festival gastronómico.

A Festa das Vindimas de Viseu começa hoje e estende-se até 23 de setembro, domingo, com uma programação intensa para todos.

Os sabores da região ganham, este ano, um lugar de destaque, com o novo festival gastronómico, “Viseu Estrela à Mesa”, que irá garantir 45 experiências gastronómicas a céu aberto, no Rossio.

Entre quinta-feira e sábado, dez conceituados Chefs de cozinha, incluindo alguns distinguidos com “Estrela Michelin”, darão um toque de “mestre” a ingredientes-chave da gastronomia da região na companhia dos vinhos do Dão.

Pascal Aussignac, Louis Anjos, Vítor Matos e Óscar Geadas, o chef embaixador de Viseu, Diogo Rocha, e os chefs Hermanta Rai e Luís Almeida, são alguns dos nomes confirmados.

O cartaz musical deste ano traz grandes nomes da música portuguesa e talentos da “casa” em vários palcos instalados no Centro Histórico: Mercado 2 de Maio, Largo Pintor Gata, Adro da Sé e Fonte das 3 Bicas.

No dia do Município, 21 de setembro, destaca-se o espetáculo made in Viseu “Ora vem comigo”, de Ana Bento, Ricardo Machado e Sónia Barbosa, no Adro da Sé, às 21 horas.

Tiago Nacarato é um dos cabeças-de-cartaz da Festa das Vindimas, com concerto na sexta, às 22:H30, no Largo Pintor Gata. Moullinex traz o projeto “Eletrofolk” a partir da meia-noite, na Fonte das 3 Bicas.

No dia de sábado, Ana Bacalhau vem a Viseu para um espetáculo com início às 22 horas, no Adro da Sé. A noite prolonga-se com DJ OMIRI, às 23H30, na Fonte das 3 Bicas.
Todos os espetáculos têm entrada gratuita.

Uma vez mais, a praça do Mercado 2 de Maio será o meeting point do evento, acolhendo uma programação para todos que inclui provas de vinhos e sabores regionais, oficinas gratuitas e atividades em permanência para os mais pequenos, e workshops vínicos que irão desafiar os sentidos.

Também as quintas vinhateiras do Dão voltam a conquistar um lugar central na programação, recebendo visitantes para experiências reais de pisa da uva e vindima, no sábado.

A Festa das Vindimas é uma iniciativa do Município de Viseu e da Viseu Marca, e tem como patrocinadores oficiais o Novo Banco, a Galp e a Litocar. É parceira a Comissão Vitivinícola Regional do Dão. O apoio institucional é conferido pelo Turismo Centro de Portugal.


A programação completa do evento, que decorre entre 20 e 23 de setembro, está disponível www.festa.vindimasviseu.pt/programa.

1º Festival de Folclore marca pela diferença com atuações simultâneas em três palcos


O Município de Oliveira de Frades promoveu no dia 26 de agosto a primeira edição do Festival de Folclore em Oliveira de Frades, registando uma forte adesão do público. 




Do programa, fez parte um desfile que teve início junto ao Edifício dos Paços do Concelho, bem como a apresentação e atuação, em três palcos (Praça Luís Bandeira, Avenida dos Descobrimentos e Jardim Dr. Francisco Sá Carneiro) dos Ranchos Folclóricos da ACRENE (Nespereira), das Cantarinhas de Buarcos (Figueira da Foz), do Danças e Vozes D´Aldeia (St.ª Cruz), de S. João da Serra e de Viana do Castelo e, ainda, uma mostra de artesanato.


 Marcaram presença neste evento o Presidente da Câmara Municipal, Paulo Ferreira, o Vice-Presidente Carlos Pereira e a Vereadora Clara Vieira; a representante da Assembleia Municipal, Teresa Fernandes; o Presidente da União de Freguesias de Oliveira de Frades, Souto de Lafões e Sejães, José Cerveira, entre outras entidades. 

Paulo Ferreira usou da palavra para enaltecer este evento cultural que contribui para a divulgação da tradição folclórica, transmitindo-a às gerações vindouras. 

No final deste Festival, decorreu um Arraial Beirão em que os vários grupos se juntaram, tocando e cantando livremente, mobilizando a participação do público. 

Malha do Centeio realiza-se em Oliveira de Frades e em Covelo de Arca


  Numa organização do Município, da União de Freguesias de Oliveira de Frades, Souto de Lafões e Sejães, da União de Freguesias de Arca e Varzielas, da Assembleia de Compartes de Covelo de Arca, com o apoio do Restaurante “arpuro” decorreu nos  dias 1 e 2 de setembro (sábado e domingo) a Malha do Centeio. 


No sábado realisou-se em Covelo de Arca pelas 16h30 e no domingo em Oliveira de Frades, na Praça Luís Bandeira, pelas 17h00. 
Ambos contaram com a animação do Rancho Folclórico Danças e Vozes D´Aldeia. 

segunda-feira, 17 de setembro de 2018

Município de Oliveira de Frades aderiu aos Serviços de Recolha e Transporte de Resíduos Sólidos Urbanos da Associação de Municípios da Região do Planalto Beirão


No dia 22 de agosto, celebrou-se pelas 15h00, no Salão Nobre dos Paços do Concelho, o contrato de adesão aos Serviços de Recolha e Transporte de Resíduos Sólidos Urbanos (RSU) entre o Município de Oliveira de Frades, a Associação de Municípios da Região do Planalto Beirão e a Ferrovial Serviços S.A..


 O mesmo foi assinado pelo Presidente da Câmara Municipal de Oliveira de Frades, Paulo Ferreira, pelo Presidente do Conselho Executivo da Associação de Municípios da Região do Planalto Beirão e Presidente da Câmara Municipal de Tábua, Mário de Almeida Loureiro e pelo Administrador Delegado da Ferrovial Serviços S.A., Tiago Borges. 

Este contrato entra em vigor a partir do dia 1 de setembro de 2018, visando a melhoria das condições de recolha, transporte e salubridade pública e em simultâneo diminuir os custos para o Município, bem como sensibilizar a população para a redução e separação de resíduos urbanos.

sábado, 15 de setembro de 2018

XUTOS E PONTAPES NA FEIRA DE SÃO MATUES

Os Xutos e Pontapés vão estar pelas 22 horas na Feira de São Mateus, sendo o custo do bilhte de 7.50 euros.

Os Xutos são uma instituição. Há o fado, o futebol e Fátima, e depois há os Xutos (enrolando joints com a mortalha da Amália, tomando banho na aguardente de Eusébio, jogando a dinheiro com os três pastorinhos). Os Xutos são como nós, gente comum, tão portugueses como as sardinhas no pão. Quem nunca cruzou os braços em X e não sabe cantar “Para Ti Maria”, traiu a sua pátria.

Tudo começou em 1978, com os punks Zé Pedro e Zé Leonel a quererem ser os Clash da Encarnação. Zé Pedro era apenas o bom rebelde, com um alfinete-de-dama a aconchegar o sorriso aberto. Já Zé Leonel, com as suas orelhas pintadas de verde, era avariado antes do punk existir. Não faziam mal a uma mosca, mas quem nesse tempo se cruzasse com eles no passeio depressa mudaria para o outro lado da rua.

Zé Pedro tocava guitarra (se é que se podia chamar tocar àqueles três acordes enferrujados). Zé Leonel era a voz e o desvario. Faltava agora recrutar os demais. Para a bateria foram buscar um beto resmungão do Restelo, um tal de Kalú, importado do Porto. Para o baixo, arrolaram um tipo de Almada, estudante de Agronomia, um tal de Tim. Os Xutos já não eram apenas uma fantasia sonhada no café Vá-Vá ou na cervejaria Trindade. Eram agora de carne e osso, tão palpáveis como a cara esburacada de Zé Pedro. Em 1979, dão o primeiro concerto nos Alunos de Apolo. À boa maneira punk, tocam quatro temas em seis minutos. A vida malvada acabava de estrear.

1981 é um ano de mudanças. Zé Leonel começa a faltar aos ensaios, obrigando o desgraçado do baixista a substitui-lo na voz. O desleixo persistiu até que não restou outra alternativa senão dar um chuto e um pontapé no carismático fundador. A contragosto, Tim torna-se também o vocalista. Por outro lado, a guitarra de Zé Pedro era demasiado lacónica para o som que buscavam. É então que Francis entra para a guitarra-solo. Estavam, por fim, prontos a gravar.

A vida discográfica dos Xutos começou como a vida sempre começa: com “Sémen”. Em 1981, o lobo António Sérgio aposta no single para a independente Rotação. A canção é enorme, com um sentido pop irrepreensível, mas a sua semântica peganhenta é censurada pelas rádios. “Sémen” não vai a lado nenhum mas fecunda o primeiro longa duração- o apunkalhado 78/82. As suas guitarras ásperas assustam muita gente. Os Xutos são então vistos como uma fauna perigosa. As referências ao incesto e à heroína não ajudam, para não falar da blasfémia de “Avé Maria“. Os rebeldes dos subúrbios babam-se, os meninos dos Salesianos benzem-se. Como se não bastasse, o disco chega em contraciclo: a explosão do rock português havia desvanecido. Apesar das boas críticas, 78/82 vende pouco. O azar persegue: a Rotação abre falência.

Francis era um excelente guitarrista, mas nunca foi Xutos de alma e coração. Nunca comungou da ética de rua e combate dos demais. Foi, portanto, sem surpresa que acaba por sair da banda em 1984. É então que o mágico João Cabeleira entra em cena. Tímido, sovina nas palavras, engrandece quando começa a tocar: um virtuoso, com um estilo muito próprio, cheio de imaginação. O primeiro registo com o mago é “Remar, Remar”, publicado no mesmo ano pela Fundação Atlântica. Este single é, talvez, o melhor tema dos Xutos, um hino à resistência num país claustrofóbico que frustra “todas as tuas explosões”. O lado B é também encantador, a nublada “Longa se Torna a Espera”. Mas uma qualquer maldição deve ter sido rogada sobre as editoras independentes que os apoiam. A Fundação Atlântica submerge no seu auge.

Os Xutos estão de novo órfãos, sem editora. Enviam maquetes para a Valentim de Carvalho mas a major prefere não arriscar. Viram-se então para a sua segunda casa: o emblemático Rock Rendez Vous. Primeiro, através da colectânea Ao Vivo no Rock Rendez Vous em 1984 (onde assomam “Esquadrão da Morte” e “1º de Agosto”). Depois, através de um segundo longa-duração, o mítico Cerco, publicado em 1985 já com Gui na tripulação.

Os Xutos contam agora com dois pintores: a guitarra irrequieta de Cabeleira e o saxofone expressivo de Gui. Com os cinco magníficos finalmente reunidos, só poderia germinar um enorme disco, onde “Homem do Leme”, “Conta-me Histórias”, “Barcos Gregos” e “Sexo” têm de se digladiar pela disputa do pódio. O som é roufenho, como se tivesse sido gravado num leitor de cassetes do ZX Spectrum; o que só abrilhanta ainda mais a sua aura de disco de raiva e resistência.

Ignorados pela indústria, não restava outra alternativa aos Xutos senão desdobrar-se em concertos, onde quer que fosse, por qualquer vintém. Cada concerto era um combate, uma trincheira de público a conquistar com sangue e suor. Nas noites de 31 de Julho e 1 de Agosto de 1986, dão-se os lendários concertos no Rock Rendez Vous. Os espectáculos são gravados, captando os Xutos no auge da sua fase de culto, a taça da popularidade prestes a transbordar. Mas só catorze anos depois é que 1º de Agosto no Rock Rendez Vous vê a luz do dia. Felizmente, 1986 é um ponto de viragem no mercado nacional: a indústria voltando a investir no rock português. Numa dessas mágicas noites, os Xutos assinam pela major Polygram. Suspiro de alívio. Depois de tantos anos de luta, a travessia no deserto chegara ao fim.

Em 1987, Circo de Feras sai para a rua e é disco de ouro. Os Xutos estão oficialmente na primeira divisão do rock nacional. “Não Sou o único”, “Vida Malvada” e “N’América” são hinos que sabemos de cor. É o álbum operário dos Xutos, uma espécie de Bruce Springsteen com pastéis de bacalhau. Nele assomam sons fabris: o ascensor de “Contentores” e o martelar na bigorna em “Desemprego”. Um disco brilhante que nos ensopa a alma em ferro e óleo.

Em 88, os Xutos sobem ainda mais a parada, naquele que é o pico da sua imaginação melódica. “Para Ti, Maria”, “À Minha Maneira” e “A Minha Casinha” são apenas a ponta do iceberg de um disco perfeito. É um álbum de uma alegria transbordante e contagiosa. Depressa chega a disco de platina. Oferece-se a discografia completa dos Xutos a quem encontrar uma sequência de acordes mais bonita da que a de “Prisão em Si”.

Para divulgar 88, os Xutos fazem a maior digressão que Portugal conhecera até então. Depois de dezenas de concertos por todo o país, a tournée encerra no Pavilhão dos Belenenses, com três noites lotadas na véspera de Agosto. Os espectáculos foram gravados para o triplo-álbum Ao Vivo, publicado ainda em Novembro. Vinte e oito gemas retratam os Xutos no pico absoluto da sua carreira. De novo, disco de platina, seguindo o modelo dos Clash com Sandinista: a banda aceita receber menos para que o disco triplo custe aos fãs o mesmo que um disco normal. Os Xutos têm Portugal a seus pés.

Em 1989, apareceu mais um grande single nos escaparates: “Se Me Amas” no lado A, “Submissão” no lado B; dois clássicos bem conhecidos dos concertos mas gravados agora pela primeira vez em estúdio. Os anos 80 não podiam ter acabado de melhor forma.

Já o virar da década deu azar. Gritos Mudos é o primeiro passo em falso dos Xutos, mal recebido pelo público e pela crítica. O problema não é a sua produção limpa (já 88 a tinha sem atrapalhar ninguém) nem a sua escuridão (já o Cerco era sombrio sem mal algum vir ao mundo). O revés é de outra ordem: menos inspiração melódica, menos canções memoráveis. Se exceptuarmos a belíssima canção-título (e talvez a surf music de “El Tatu”), poucos são os temas realmente dignos de figurar no cânone dos Xutos. Não é um mau disco; mas também não é muito bom.

Mergulhados em dívidas, e com problemas de management, os Xutos entram em crise interna. Gui abandona a banda, e os demais deixam os Xutos em banho-maria, enveredando por projectos paralelos. Tim integra a Resistência; Zé Pedro e Kalú juntam-se ao Palma’s Gang e abrem o Johnny Guitar (a tentativa possível de substituir o defunto Rock Rendez Vous). Com a saída de Gui, chega ao fim a fase clássica dos Xutos, de longe a mais inspirada. Um percurso criativo quase perfeito.

1991 é um ano de ressaca, de desnorte, de rumo indefinido. Especulava-se que a banda ia acabar, e não deixa de ser irónico ter havido essa possibilidade, o fim da maior banda de rock nacional de todos os tempos, exactamente numa altura em que a música cantada em português, puxada pelo enorme sucesso da Resistência, estava finalmente nos ouvidos do grande público. Ainda assim, temos de destacar o lançamento da biografia “Conta-me Histórias”, de Ana Cristina Ferrão, ainda hoje a “bíblia” fundamental para entender a história dos primeiros anos da banda. Para quando uma urgente actualização e reedição?

Em 92, dá-se o pontapé na crise, da forma como os Xutos sempre haviam feito, a trabalhar. Entram em estúdio com a ideia de fazer um álbum duplo, um statement. Acabam por ceder à pretensão da editora e concentrar-se num de cada vez, com a edição, perto do final do ano, de Dizer Não de Vez.

Em formato quarteto, o disco é a casa de “Ai a minha vida” e, sobretudo, de “Chuva Dissolvente“, single enorme que conquista novos fãs e lembra aos mais antigos que ainda havia ali vida, e coisas para dar ao mundo. A prova veio das vendas bastante apreciáveis de Dizer Não de Vez e, sobretudo, da sua actuação no Festival Portugal ao Vivo, em 1993, uma celebração da música portuguesa eléctrica. Os Xutos em palco são como animais à solta, e dominaram o evento, reclamando aí a sua coroa. Uma das muitas actuações que ficaram para a História. Ainda nesse ano é editado Direito ao Deserto, a tal segunda metade do programado disco duplo.

Em 1994, um evento simbólico e emocional. Kalú jogou em casa quando os Xutos comemoram 15 anos enquanto banda, no Coliseu do Porto. Para além do agora quarteto, três convidados muito especiais desta família especial: Gui, Francis e Zé Leonel. O ano é passado na estrada, cimentando tijolo a tijolo aquilo que é a grande força da banda, a união que, em palco, consegue ter com os fãs, novos e velhos.

Um ano depois, novo marco na carreira da banda, e um que conquistaria muitos novos ouvintes. Inspirado no modelo do MTV Unplugged, a Antena 3 convida os Xutos para um concerto acústico. O sucesso foi tal, assente na força das músicas mesmo assim mais calmas e despidas, que deu origem a Ao Vivo na Antena 3, que nem estava planeado. Sai bem em cima do Natal e explode nas tabelas de vendas. Seguiu-se uma digressão nesse formato acústico, mais uma vez bem sucedida. O ano de 96 não fecha sem que a Blitz tenha praticado um acto de manifesta justiça: na primeira cerimónia dos Prémios Blitz, entrega o Prémio Carreira aos Xutos & Pontapés. Quem mais?

Terminado o contrato com a Polygram, é hora de encontrar nova casa, desta feita a EMI, por quem lançam Dados Viciados, em 1997. O evento comemora-se, naturalmente, na estrada, com uma digressão dedicada à promoção do disco mas que conta, obviamente, com muitos dos sucessos do passado. Este é, aliás, o modus operandi desses anos e que, de certa forma, dura até hoje. Discos sempre de qualidade média/alta mas sem ombrear com os da década de 80, que sustentam uma digressão com energia e material renovado e que vão pingando, aqui e ali, novos singles que se tornam sucessos de palco.

Em 1999, a banda atinge um número de que muito poucas se podem orgulhar: os 20 anos de carreira. O ano é de celebração, com a edição do disco XX anos XX Bandas, no qual 20 grupos nacionais dão o seu cunho ao cancioneiro já histórico dos Xutos. O ponto alto é a festa num esgotado Pavilhão Atlântico. Ainda em 99, o sempre irrequieto e multifacetado Tim estreia-se a solo, com o disco Olhos Meus.

Em 2000 não há disco novo, mas há disco! E que disco! É finalmente editado 1º de Agosto no Rock Rendez Vous, gravado em 1986 mas nunca editado. Continua a ser uma extraordinária amostra do poder dos Xutos dos primeiros anos. No ano seguinte, novo álbum de originais, XXI, e concertos atrás de concertos, atingindo a marca de 600 mil espectadores só em 2001.

Segue-se algo que se tem tornado habitual, não só nos Xutos mas em todas as bandas grandes que trazem tanta História às costas: a edição de registos ao vivo, como são exemplos Sei Onde tu Estás e o acústico Nesta Cidade, bem como o muito bem sucedido DVD Ao Vivo no Pavilhão Atlântico.

Há muito que os Xutos são uma instituição, mas o país reconhece-o oficialmente em 2004, quando os rapazes comemoram 25 anos de carreira: o Presidente da República, Jorge Sampaio, condecora os Xutos com a Ordem do Infante D. Henrique. Ainda nesse ano, regresso aos discos de originais, com o bem conseguido O Mundo ao Contrário. O Pavilhão Atlântico esgota duas noites para a festa de aniversário.

Em 2007, a tragédia atinge o núcleo duro da banda, com a morte súbita de Marta Ferreira, irmã de Kalú e manager dos Xutos na última década. É um tempo de consternação e de profundo pesar, e a resposta só podia ser uma, voltar à estrada. Um dos destaques é a celebração dos 20 anos de Circo de Feras, que dá origem a três concertos únicos e esgotados no Campo Pequeno, em Lisboa. No ano seguinte houve tempo para voltar de novo ao passado e “regravar” Cerco, disco mítico mas cujo som sempre deixara a banda insatisfeita (sem razão, dizemos nós). O Cerco Continua, versão revista e aumentada, é finalmente editado em 2012.

Os 30 anos são atingidos em 2009, sendo o ponto mais alto o grande concerto no Estádio do Restelo, com convidados como Camané, entre outros. Simbolicamente, é reeditado o fabuloso Xutos ao Vivo, de 88, e os rapazes arrancam mais um disco de originais, chamado simplesmente Xutos & Pontapés, que se revela um sucesso de vendas. Zé Pedro, que se vinha debatendo com problemas de saúde depois de anos de abusos, é obrigado finalmente a parar em 2011. Mas a digressão continua, com o seu roadie Tó Zé no seu lugar. Depois do delicado transplante de fígado, regressa como um herói no palco principal do então Optimus Alive. É também a ocasião para o eterno guitarrista dos Xutos lançar o seu “álbum a solo”, chamado Convidado, na prática uma compilação de colaborações que foi fazendo ao longo dos anos em discos de amigos como Paulo Gonzo, Jorge Palma e Sérgio Godinho. Em 2012 é a vez de Kalú se estrear a solo, com Comunicação.

Com os 35 anos a aproximar-se, no ano seguinte, os Xutos aproveitam 2013 para preparar novo disco de originais, e até agora o seu último, Puro, que seria editado em 2014, ano de tão especial aniversário. A festa é mais uma vez no então Meo Arena (agora Altice Arena) com 30 mil pessoas em duas datas esgotadas e históricas.

A história recente dos Xutos tem-se feito assim, de muitas digressões, concertos cheios (são obrigatórios e brutalmente eficazes no palco principal do Rock in Rio Lisboa, desde a primeira hora), novas músicas e um tratamento adequado do passado que orgulhosamente podem ostentar, seja através de discos ao vivo ou de reedições mais cuidadas.

O grande ponto de interrogação na vida da banda chega em 2017, devido à deterioração da saúde de Zé Pedro. O grupo chegou a não saber se este estaria em condições para o grande e comovente concerto no Coliseu dos Recreios, no qual uma plateia emocionada mimou e amou como sempre e como nunca este verdadeiro herói do rock português.

Como sempre fizeram na cara do perigo, os Xutos avançam com vontade de ferro, cerrando os dentes, agarrando-se uns aos outros, aos seus fãs e à História que juntos construíram. Zé Pedro luta pelo restabelecimento com a garra de um garoto que, no longínquo ano de 78, decidiu fazer uma banda, que se tornaria a maior instituição do rock nacional de todos os tempos. Há até um disco novo em preparação, uma espécie de ousado bluff  quando o futuro é tão incerto.


Não importa. Agora, como sempre, os Xutos fazem as coisas “à sua maneira”, e nós só temos de estar gratos. Por serem quem são, pelos milhões de espectadores satisfeitos, por termos crescido com eles e com o rock feito e cantado em português, por nos terem dado ao longo de mais de 30 anos a banda sonora das nossas vidas.

quarta-feira, 12 de setembro de 2018

VISITANTE 1 MILHÃO DA FEIRA DE SÃO MATEUS FOI COROADA



Sónia Sanches, natural do Sabugal, foi surpreendida com uma receção em grande na Porta de São Mateus. Visitante 1 Milhão ganha um passe geral para 2019 e poder de escolha de um artista para o próximo ano.

A Feira de São Mateus atingiu, ontem, o número mágico de 1 milhão de visitantes. Por volta das 19H30, foi Sónia Sanches a felizarda visitante que, ao entrar pela Porta de São Mateus, foi eleita “Visitante 1 Milhão”.

Natural da cidade de Sabugal, Sónia Sanches veio feirar pela primeira vez este ano e foi surpreendida pelo Gestor da Feira, Jorge Sobrado, pela equipa da Viseu Marca e da FSM TV e por vários jornalistas, que, com grande expetativa, aguardavam a sua chegada.

A visitante foi o centro das atenções e teve, durante toda a noite, “livre-trânsito” nas áreas de gastronomia e diversões da Feira. Apesar de vir feirar todos os anos, a laureada confessou que “não estava à espera desta surpresa”.

Após a celebração inicial e a leitura do estatuto da nova embaixadora da Feira de São Mateus, acompanhados pela imposição da faixa “1 Milhão” e respetiva credencial, Sónia Sanches e o seu grupo de amigos jantaram no novo bairro da restauração, passearam pelo recinto e deliciaram-se com as tradicionais farturas.

Antes do concerto de Ricardo Azevedo, a “Visitante 1 Milhão” subiu ao Palco Santander para a coroação oficial, entrega do passe geral de 2019 e para uma nova leitura dos seus direitos e deveres enquanto embaixadora do certame.

A visitante poderá, também, escolher, em conjunto com a Viseu Marca, um artista para atuar na edição do próximo ano.

Sónia Sanches felicitou a iniciativa e agradeceu o momento proporcionado pela Viseu Marca, naquela que deverá ser, segundo Jorge Sobrado, uma “nova tradição” da Feira de São Mateus, tornando-a “mais humana” e trazendo os rostos dos seus visitantes para a linha da frente.
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